quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Não era um sonho ruim...


Ela acordou e viu que aquilo não era um sonho ruim... era sua nova realidade.

Mas já era uma mulher, forte, moldada pela vida e pelas pessoas, sendo o que é levantou logo da cama, foi até o banheiro lavou o rosto e percebeu no espelho que não tinham mais seus 15 anos...

“Quase 30 e eu nem vi o tempo passar, de história em história tornei-me uma mulher.” Era esse o seu pensamento naquela manhã.

Uma noite mal dormida já fazia efeitos devastadores na sua pele, mesmo que não houvesse ruga alguma que lhe entregasse sua verdadeira idade.

Preparou seu café, forte e levemente adoçado, assim como sua personalidade. Bebeu aos poucos a cada gole tentava engolir junto mais uma pancada que a vida lhe deu: mais um amor que se foi...

Ao contrário do que havia experimentado, essa nova condição lhe incomodava, não sabia muito bem como reagir. Ela não tinha traído, não tinha feito cena, não tinha feito nada... apenas amou. Pela primeira e talvez uma das poucas vezes ela amou alguém.

Mas a vida pra ela não funciona como para o resto das mulheres, ela não costuma receber presentes generosos do destino, sempre recebe poucas flores com espinhos demais, suas mãos já tem muitas cicatrizes...

Agora que terminou seu café a rotina lhe chama, sorrir por fora enquanto seu coração dói já não é novidade para ela. Toma um banho, veste seu melhor sorriso acompanhado de um perfume de esperança, arruma seu cabelo e escolhe uma roupa que lhe caia bem, mas que esconda suas cicatrizes.

“Não vou mais chorar”, foi o que ela pensou ao sair de casa. Pelas ruas casais apaixonados para ela eram uma ofensa:  “Como eles tem algo que talvez eu nunca vou ter, é injusto”, mas no seu rosto ainda havia aquele sorriso plastificado, fingindo segurança.

Depois de um longo dia ela pode retornar pra casa, cansada de ser feliz, deitou na cama fechou seus olhos enquanto uma única lágrima escorreu pelo canto do seu olho.

E ela viu que aquilo não era um sonho ruim... era sua nova realidade.

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